Ao longo do primeiro ano de vida, o bebé utiliza um reportório de sons, antes da aquisição da primeira palavra. Mclaughlin (1998) estudou o reportório vocal dos bebés nesta faixa etária, distinguindo seis fases de desenvolvimento que são:
Fase do Choro ou da produção de sons vegetativos (desde o nascimento até aos 4 M): o choro é o primeiro som emitido pela criança logo após o nascimento. Durante os primeiros meses de vida o bebé produz essencialmente sons vegetativos e precoces de alegria e prazer. O choro reflexivo, tal como o nome indica, advém de estímulos/reflexos internos tais como fome ou dor. Durante esta fase, o bebé também produz sons vegetativos orais como cliques linguais, arrotos, tosse…
Fase de Palreio (desde o primeiro mês até ao 4 M): decorre desde o primeiro mês de idade até ao quarto mês. Nesta fase, a criança começa a produzir vogais como /u/, /o/, que por vezes, são precedidas por consoantes velares como /K/ ou /g/. É normalmente durante a interacção face a face que ocorre a produção destes sons e em situações agradáveis e de conforto.
Fase do Balbucio (dos 4 M até aos 6 M): é o período mais significativo para o desenvolvimento do discurso da criança, uma vez que ao longo desta fase o bebé produz uma maior variedade de vogais ou sílabas do tipo Consoante –vogal (CV), como por exemplo /ba/ ou Vogal – Consoante (VC), como por exemplo /ab/, com variação da duração das produções. Numa fase inicial, as crianças produzem menos consoantes e mais vogais, à medida que começa a haver um maior controlo motor da face, lábios e língua, o bebé começa a adquirir sons mais posteriores (p, t, k), atingindo um discurso mais eficaz. Os primeiros sons a serem adquiridos são essencialmente explosivos (p, b, k, g), isto porque são de produção mais simples e que não requerem um controlo motor tão fino como os sons fricativos (f,s, ).
Fase de Jogo Vocal (dos 6 M aos 8 M): na qual os bebés estendem consideravelmente o reportório de sons. Esta fase é considerada de elevada relevância para o desenvolvimento do discurso, porque durante a mesma o bebé experimenta diferentes combinações de sons. O termo Jogo Vocal provém do termo Balbucio que significa brincar com os sons. Na fase de Jogo Vocal identificam-se 2 subfases: Balbucio reduplicado e Balbucio não reduplicado. O Balbucio Reduplicado ocorre quando o bebé duplica as sílabas, por exemplo /babababa/, o Balbucio não Reduplicado ocorre quando o fio de sílabas apresentadas pelo bebé é variado, por exemplo /dapaba/.
Fase da Ecolália (dos 8 M até aos 12 M): a criança apresenta uma maior maturação do sistema neurológico e um maior número de vivências e experiências, possibilitando uma modificação no seu discurso de natureza positiva. Deste modo, o bebé está mais apto para ouvir e reproduzir o que o cuidador diz, repetindo e imitando o que ouve. No entanto, estas repetições do discurso do adulto são desprovidas de significado, porque aparecem em contextos inadequados.
Numa fase final do desenvolvimento do discurso pré-linguístico observa-se o Jargon (dos 9 M aos 12 M): caracteriza-se pela produção com entoação de um conjunto de sílabas e que se aproxima do discurso real. Alguns estudos têm concluído que as crianças usam a entoação para assinalar diferentes funções comunicativas (questionar e protestar). Neste sentido, o Jargon parece ser o último e natural degrau da progressão de todos os processos anteriores.
Assim, uma criança com um ano de vida é capaz de utilizar várias formas de comunicar com o adulto, através de jogos de mímicas e vocálicos, ao passo que um recém-nascido está dependente dos jogos estabelecidos pelo seu cuidador, isto é, as interacções estabelecidas entre cuidador e criança é que permitem um conjunto de experiências afectivas de importância extrema para a comunicação.
McLaughlin (1998)
Estejam atentos :)
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