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terça-feira, 17 de maio de 2011

Dislexia - Aspectos neurológicos e evolutivo-maturativos:

O cérebro humano é responsável por uma série de importantes funções no organismo. É ele quem rege essa imensa orquestra que é o corpo humano. Esse órgão foi subdividido em regiões a fim de melhor entender as diferentes funções que realiza. Existem áreas que se associam para a realização de diversas “tarefas” de forma a combinar informações provenientes das mais variadas regiões do córtex. Por isso, esse local é chamado de Área Associativa. A figura a seguir demonstra a região Parieto-occipitotemporal, um dos componentes da área associativa. É aí que encontram as principais partes responsáveis pelo desenvolvimento da neurolinguistica, a área de Wernicke é a mais relevante para o caso de um tipo de dislexia.


A chamada de área de Wernicke, a qual se envolve, sumariamente, no entendimento da linguagem em si está relacionada a um tipo de função intelectual superior. Isso porque se entende que a linguagem é responsável por boa parte do desenvolvimento dessa habilidade. Um problema que afete esse local cerebral resulta em um tipo diferente de dislexia mais relacionado a uma incapacidade de entendimento da palavra propriamente dita. Ou seja, pessoas que tenham um distúrbio nessa localidade cerebral podem entender a palavra falada, ou até mesmo escrita, mas não compreendem o significado que elas contêm. Já o dito giro angular, local que está na região inferior do lobo parietal (mostrado na figura), por exemplo, é uma parte importante responsável pela interpretação da forma visual da palavra. É a partir daí que a leitura é concretizada da maneira escrita sedimentando o significado das palavras as quais passam a ser mais que um “conjunto de letras” do alfabeto. Sabe que disfunções nessa região podem estar intrinsecamente relacionadas ao problema aqui discutido, a dislexia. Nesse caso, o indivíduo também pode ver a palavra, e saber que, por exemplo, no jornal existem muitas palavras, mas não sabe o que elas querem dizer, não há uma concretização da grafia com um conjunto de significados, como se fossem apenas uma sopa de letrinhas desconexas.

Como se pode facilmente entender, o ser humano, em suas fases iniciais de desenvolvimento, amadurece intelectualmente de forma gradativa. Assim, as regiões aqui citadas como partes importantes para a aquisição da habilidade de leitura e escrita, estão presentes nesse processo.
Todas as estruturas anatômicas previamente citadas, que participam da comunicação, passam por um processo de crescimento, desenvolvimento e organização ao longo do desenvolvimento infantil. À medida que esses processos vão ocorrendo, a criança vai aumentando paulatinamente o seu repertório de comunicação até chegar ao ponto de adequada prontidão neurológica para o aprendizado da leitura e escrita. É muito importante o conhecimento dessas fases fisiológicas. Muitos quadros “rotulados” como Dislexia são apenas fases normais do desenvolvimento da linguagem infantil. Segue uma relação simplificada da idade em que as estruturas estão “prontas” e a criança está apta a desempenhar as funções correspondentes:


0 a 1A:
Desenvolvimento das vias auditivas sub corticais e tálamo cortical.
Fase pré-lingüística, uso da expressão facial e gestos para comunicação.
Lalação (sons sem significado), ecolalia (repetição da palavra sem entendê-la).

 
1 a 4A:
Desenvolvimento das vias córtico nucleares e vias de associação intra e inter-hemisféricas.
Sistema Fonológico – Aumento progressivo da capacidade de discernir os sons e de produzi-los com objetivo de formar novas palavras e frases.
Sistema Semântico - Aumento progressivo da capacidade de compreender a fala e seu significado.
Sistema Pragmático – Aumento progressivo da capacidade de usar a linguagem com um sentido de comunicação social.


4 a 6A:
Estágio visual da leitura - análise visual do estímulo gráfico.
Há o aprimoramento da parte mais visual das palavras. Nesse estágio, a criança já consegue transcrever algumas palavras, sem entender muito que elas dizem. Podem copiar, por exemplo, o seu nome que a mãe escreveu no papel (copiam, mas só sabem que é nome porque a mãe falou).

5 a 7A:
Estágio fonológico da Leitura – Reconhecimento e processamento dos sons associados ao símbolo gráfico.
A criança aprende a ler e a escrever de forma silabada. A capacidade de compreensão sonora da leitura começa a se exibir. Há uma ligação dos sons das palavras com o significado que elas venham a ter. Por exemplo, a criança começa a entender que se juntar as sílabas es+co+la se formará a palavra escola e ela entenderá o significado dessa grafia (nessa fase a compreensão começa a ser adquirida).

7 a 9A:
Estágio ortográfico da Leitura – Estágio de memorização e leitura da palavra inteira.
A criança aprende a ler de forma fluída e com bom nível de compreensão.
Assim, até os nove anos de idade, esse processo intelectual se consolidará com o aprimoramento da capacidade de leitura, fluente e compreensível. Aqui, a criança é capaz de ler em voz alta na sala de aula de forma ininterrupta e inteligível para si e para quem ouve.

Resumidamente, algum processo que, venha a atrapalhar o desenvolvimento de qualquer um desses estágios de forma concreta, no próprio desenvolvimento do sistema nervoso, pode desencadear um tipo de dislexia.

                                                                                       Retirado de: http://pt-br.infomedica.wikia.com/wiki/Dislexia,_a_Cegueira_de_Palavras

                  http://www.neuropediatria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=91:dislexia--aspectos-neurologicos&catid=58:dislexia&Itemid=147
                                                                                                                                              Imagens: Fonte: Guyton e Hall, capítulo 57


Cererbro dislexico por raulespert

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